Uma das grandes preocupações entre os nutricionistas que atendem pacientes oncológicos é garantir que a sua prescrição nutricional seja segura, ou seja, que não vá trazer prejuízos ao paciente ou ao tratamento oncológico. Por ser uma doença e um tratamento complexos, aqui vão algumas dicas que utilizamos no nosso dia a dia, e que aperfeiçoamos ao longo dos anos de atendimento a esse público, para termos tranquilidade na nossa prescrição dietoterápica:
1. Garantir que não há interação entre o tratamento oncológico e os alimentos (especialmente ervas e suplementos)
O uso de ervas e suplementos em pacientes oncológicos podem ser muito benéficos. Porém, é importante garantir que não há interação droga-nutriente, especialmente nos pacientes em tratamento sistêmico (quimioterapia intravenosa ou oral e hormonioterapia). Para isso, é necessário pesquisar possíveis interações com o medicamento utilizado antes de prescrever qualquer componente.
2. Sempre procurar os possíveis efeitos colaterais do tratamento e se antecipar em relação ao mais comuns
Cada tratamento, levando em conta o tipo e o local do câncer, possui efeitos colaterais diferentes. É importante, como nutricionista, saber quais são eles, de acordo com a modalidade de tratamento e de medicamento.
3. Adequar as necessidades nutricionais do paciente de forma individualizada
Alguns cânceres são catabólicos (ou seja, demandam mais energia) e outros não. Por isso, entender as necessidades nutricionais de cada paciente garante que você estará prescrevendo o que ele precisa – no paciente com mais necessidade energética, passar mais calorias é importante para diminuir o risco de perda de peso. Mas, no caso de doenças que não são tão catabólicas, o excesso de energia pode levar ao ganho de peso, o que é ruim para o paciente e para a doença.
4. Sempre leve em consideração as comorbidades prévias do paciente e os medicamentos utilizados
Muitas vezes, o paciente que está com câncer também possui outras doenças prévias e utiliza outros medicamentos. O nutricionista precisa levar essas condições em consideração na hora de fazer a prescrição e pensar em uma estratégia para tratamento de ambas.
5. Antecipe-se nos possíveis danos – agudos e tardios – que o tratamento pode causar ao paciente
O tratamento oncológico traz alguns efeitos colaterais que podem ser atenuados ou até mitigados por meio da alimentação, como baixa imunidade, anemia, toxicidade cardíaca, osteoporose e alterações metabólicas. Com isso, se antecipar é necessário para diminuir esses efeitos colaterais.
Essas são as nossas dicas para que o atendimento ao paciente oncológico em vez de ajudar o paciente, acabe causando danos a sua saúde. Contudo, é importante deixar claro que essa lista não é exaustiva. Existem ainda outras formas de tentar garantir essa segurança. Mas isso é assunto para outros posts.
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