Quadros de disfagia (dificuldade para deglutir), odinofagia (dor ao deglutir), xerostomia (boca seca/ diminuição da salivação), inapetência ou mucosite oral (feridas na boca) são exemplos de efeitos adversos do tratamento oncológico, de consequências da localização do tumor ou do seu metabolismo e que podem dificultar a aceitação do alimento na forma in natura ou mais consistente e dura. Há, também, casos de obstrução ou ressecções cirúrgicas que fazem com que a adequação na consistência da dieta seja necessária.
Com isso, é comum a perda de peso devido a redução na ingestão alimentar, caso a consistência não seja alterada ou por consumir alimentos muito ralos, que oferecem volume, mas são de baixa densidade energética e nutricional.
A adaptação na consistência da dieta deve levar em consideração a tolerância do paciente e o motivo que está levando à necessidade de alteração da dieta. Se for devido a quadros de disfagia, o paciente deverá ser avaliado pela equipe de fonoaudiologia, que decidirá a melhor consistência para deglutição e se há a necessidade de espessar os líquidos.
É importante que a equipe multidisciplinar esteja falando a mesma língua, pois o padrão de dietas varia de serviço para serviço quanto à nomenclatura utilizada.
Com relação aos aspectos nutricionais, precisamos nos atentar à oferta de:
calorias
proteínas
micronutrientes
fibras (caso o quadro clínico permita)
compostos bioativos
E se haverá necessidade de inclusão de algum suplemento nutricional.
Caso seja necessário abrandar a consistência da dieta, busque orientar conforme indicado abaixo:
Misturar ou bater alimentos ricos em gorduras saudáveis junto com as preparações: abacate, açaí, azeite de oliva, azeitonas e castanhas.
Colocar pouca quantidade de alimento na boca por vez, para favorecer a mastigação e deglutição.
Ensinar métodos de preparação que favoreçam a preservação dos nutrientes, como cozinhar legumes no vapor ou utilizar a água do cozimento nas preparações.
Fazer purês de legumes misturados com tubérculos para aumentar a densidade energética e nutricional da preparação, ou adicionar farinha de mandioca, tapioca ou amido de milho ao purê de legumes.
Adicionar fontes alimentares proteicas às preparações, como carne cozida com legumes ou “panqueca” de banana com ovo. Caso necessário, adicione módulos de proteína.
Evitar excesso de líquidos com as refeições, pois pode levar a saciedade precoce. Mude a consistência da dieta para favorecer a deglutição e evitar necessidade de líquidos durante a refeição.
Informar a necessidade de fibra dietética para evitar constipação ou diarreia.
Estudos mostram que há benefícios com a orientação e a adequação nutricional precoce, prevenindo ou reduzindo a severidade da desnutrição nos pacientes oncológicos.
Realize o atendimento nutricional individualizado e personalizado, adequando a alimentação para as necessidades e realidade do seu paciente.
Referências:
National Cancer Institute. Nutrition in Cancer Care. 2020.
American Institute for Cancer Research. 2020.
American Cancer Society. 2020.