A inflamação no paciente oncológico pode ser causa ou consequência da maioria dos sintomas colaterais sentidos. Essa inflamação pode ser advinda do processo da carcinogênese ou do próprio tratamento. Dessa forma, é importante a gente conseguir identificar quando a inflamação está mais latente e há a necessidade de realizar alterações na alimentação para diminuir a sua incidência e, por conseguinte, melhorar a qualidade de vida do paciente.
Aqui são alguns sinais que observamos na prática para auxiliar esse tipo de diagnóstico:
Parâmetros bioquímicos
Alguns parâmetros bioquímicos como RDW (red cell distribution width), PCR (proteína C), razão neutrófilos-linfócitos elevados e albumina diminuída são formas clássicas de observar a inflamação sistêmica. É importante fazer um paralelo com os sintomas clínicos, mas esses parâmetros podem auxiliar o nutricionista a entender se o paciente está inflamado.
Excesso de tecido adiposo
O excesso de tecido adiposo, especialmente o tecido adiposo visceral (na região abdominal) é responsável por gerar uma inflamação crônica no indivíduo. Essa inflamação normalmente é de baixo grau, mesmo assim é importante ficar atendo a isso nos pacientes acima do peso.
Perda de peso e de massa muscular com dificuldade de reestabelecer esses estoques
A perda de peso e a perda de massa muscular estão muito associados a um estado de inflamação crônica no paciente oncológico. Muitas vezes observamos uma perda de peso/massa muscular associada a uma dificuldade importante no ganho de ambos os estoques, mesmo que o paciente consuma as calorias e a quantidade de proteína adequadas. Nesse caso é importante primeiro diminuir o processo inflamatório, frear a perda desses tecidos e após isso iniciar o reestabelecimento do peso e da massa muscular.
Alteração no trato gastrointestinal
A microbiota do intestino (ou seja, o grupo de microrganismos que vivem no seu intestino) é um regulador importante do estado inflamatório. Alterações no trânsito intestinal, como episódios de diarreia ou constipações crônicas, alteram essa sinalização de inflamação. Para conseguir diminuir a inflamação é necessário controlar esses sintomas gastrointestinais.
Fadiga
Uma das principais queixas do paciente oncológico é o excesso de fadiga que o tratamento causa. Podemos associar esse excesso a um aumento da inflamação – que pode ser advinda do câncer ou do tratamento.
Referências
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Montagna e Denese Ann Transl Med 2016
Zatterale et al. Front Physiol 2020
MacDonald J Support Oncol 2007
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Kwekkeboom et al. JPSM 2018