A insulina é um hormônio que liberamos todas as vezes que nos alimentamos. Ela é produzida no pâncreas e liberada na circulação depois que comemos (momento pós-prandial). Sua função principal é remover a glicose (parte menor do carboidrato) da circulação e coloca-la dentro da célula. Dessa forma, conseguimos garantir energia para o organismo.
Além de sua função principal, a insulina possui outras atribuições no organismo e são nessas situações que seu excesso vai se relacionar com uma maior chance de desenvolvermos câncer. O hormônio insulina, ao se ligar no seu receptor na membrana da célula, promove uma cascata de sinalização que promove proliferação celular (o que já é esperado). Entretanto, o excesso dessa insulina e dessa sinalização de proliferação celular pode aumentar a chance de a pessoa desenvolver um câncer.
Tipos câncer x insulina
Alguns estudos mostram isso. Em um deles, que acompanhou homens e mulheres por 4 anos, observou-se que aquelas pessoas que tinham uma alimentação em que consumiam alimentos que aumentavam a liberação de insulina pelo pâncreas tiveram uma chance de 26% maior de desenvolver um câncer de cólon em relação aqueles que tinham um menor potencial insulinêmico da dieta.
Outro exemplo foi um estudo de 2018. Nele, foi calculado que 2% dos casos de câncer foram relacionados com a Diabetes Mellitus tipo II (DM II). Os casos de câncer com maior associação a essa doença são: câncer de mama, colorretal, vias biliares e endométrio. Entretanto, outros estudos já mostram possíveis associações com câncer de fígado, pâncreas, ovário, próstata, rim e tireoide.
Em 2017, um estudo apontou que mulheres com câncer de mama e DM obtiveram menor sobrevivência geral e maior recidiva. Após o término do tratamento oncológico, pacientes com câncer de cólon que mantiveram uma alimentação com menor potencial insulinêmico também obtiveram menor risco de recidiva e menor mortalidade. Ou seja, manter os níveis controlados deste hormônio mesmo no pós-tratamento é importante.
Prevenção
Para prevenção contra esses cânceres, é recomendado o controle desse hormônio, por meio da manutenção de um peso saudável, fazendo atividade física, inserindo fibras na alimentação e diminuindo consumo de açúcar – especialmente de bebidas açucaradas como refrigerante.
Durante e após o tratamento oncológico também é recomendado manter o controle da insulina, mantendo um peso e uma alimentação saudáveis. Procure sempre um nutricionista oncológico para te ajudar a ter essa qualidade de vida!
Diabetes e insulina
Podemos ter alteração na produção e liberação desse hormônio pelo pâncreas ou na forma como a célula responde a esse hormônio.
Essa primeira condição chamamos de Diabetes Mellitus tipo I – normalmente ocorre quando somos crianças e adolescentes e há dificuldade do pâncreas para produzir a insulina.
A Diabetes Mellitus tipo II (DM II) normalmente aparece quando apresentamos um excesso de peso ou obesidade. No Brasil temos hoje mais da metade da população de adultos acima do peso. A DM II está relacionada com uma resistência à insulina, ou seja, o pâncreas é capaz de produzir e liberar a insulina e elas está circulante. O problema está no excesso desse hormônio, que deixa a célula resistente a sua presença e não consegue responder a sua sinalização. Normalmente para compensar liberamos mais insulina do que precisamos a fim de remover a mesma quantidade de glicose do sangue e continuar mantendo o equilíbrio na glicemia.
É possível que tenhamos um aumento desse hormônio ao longo dos anos e não percebemos, pois, os níveis de glicose não se alteram (compensamos o excesso de glicose com um aumento de insulina dessa forma normalizando esse primeiro parâmetro).
Referências:
Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Diretrizes Sociedade Brasileira de Diabetes 2019-2020.
Ministério da Saúde. Vigitel 2019
Tabung FK et al. Association of Dietary Insulinemic Potential and Colorectal Cancer Risk in Men and Women Am J Clin Nutr 2018
Mu L. et al. Type 2 Diabetes, Insulin Treatment and Prognosis of Breast Cancer. Metab Res Rev 2017
Suárez AL. Burden of cancer attributable to obesity, type 2 diabetes and associated risk factors. Metabolism 2018
Morales-Oyarvide et al. Dietary Insulin Load and Cancer Recurrence and Survival in Patients With Stage III Colon Cancer: Findings From CALGB 89803 (Alliance) J Natl Cancer Inst 2019
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